12 de ago. de 2009

O Dia Mundial do Rock

Datas comemorativas, eu sempre tive um ‘pé atrás’ com datas comemorativas. Talvez, porque em sua grande maioria, o lado comercial sempre esteve acima de tudo, o que não foi diferente no caso da criação do ‘Dia Mundial do Rock’. Mas nesse caso, pelo menos foi por uma boa causa. Vamos à história...

No dia 13 de julho de 1985, Bob Geldof, vocalista da banda Boomtown Rats, realizou o Live Aid - festival pelo fim da fome na Etiópia. O festival aconteceu simultaneamente na Filadélfia (EUA) e em Londres (Inglaterra), arrecadou mais de 60 milhões de dólares que foram doados em prol dos famintos na África e reuniu nomes como Black Sabbath (com Ozzy Ousborne), Status Quo, INXS, Loudness, Mick Jagger, David Bowie, Dire Straits, Queen, Judas Priest, Bob Dylan, Duran Duran, Santana, The Who e Phil Collins entre muitos outros. Estava criado oficialmente ‘O Dia Mundial do Rock’.

O Live Aid foi um ‘divisor de águas’, incrementou um conceito novo em relação aos grandes festivais de música, influenciando de maneira decisiva toda uma década de grandes festivais, como o U.S.A. For Africa, Live Aid, Farm Aid, Hear 'n' Aid, Artists Against Apartheid e o Amnesty Internacional, reunindo sempre grandes nomes do mundo pop e rock. Apesar do enorme sucesso do Live Aid, fica o mistério sobre o motivo de não registrar oficialmente o festival, seja em vídeo, CD, ou DVD, talvez e muito possivelmente pela grande quantidade de artistas envolvidos no projeto. Burocracia, direitos autorais, ataques de estrelismo, etc. Nesse caso, parece que a ‘causa’ ficou em segundo plano.

Começo, Meio e Sempre...

“Deixe-me ouvir um pouco desse rock and rollDe qualquer jeito que você escolherTem uma batida marcada, não dá pra errar, com qualquer tempo velho que você usar.Tem que ser música rock and roll, se quiser dançar comigoSe quiser dançar comigo”
“Rock and Roll Music” (Chuck Berry)

Aproveitar cada momento como se fosse o último! Esse era o lema nos Estados Unidos no início da década de 50. O impacto da Segunda Guerra Mundial e a Guerra da Coréia, além do início da “Guerra Fria” entre Americanos e Russos, com o anúncio das bombas atômicas lançadas pela União Soviética, aproximando a humanidade de um possível "fim do mundo", deu força a uma corrente fundamentada na rebeldia, no inconformismo e na vontade de mudar. Estes foram os combustíveis desse movimento quase sexagenário que ainda pulsa nas veias de jovens do mundo inteiro: O rock and roll.

Com suas raízes fincadas na música negra rythm 'n' blues, foi através das vozes de Chuck Berry, Bill Halley, Little Richard, Bo Diddley e Jerry Lee Lewis que foi definido o DNA do rock and roll. O primeiro Hit de sucesso do rock foi "Rock Around The Clock", interpretado por Bill Haley.

“Antes de Elvis, não havia nada”
John Lennon

No dia 5 de julho de 1954, um garoto chamado Elvis Aharon Presley, gravou seu primeiro single, um blues composto originalmente em 1947, chamado “That’s All Right”. A impetuosidade e a irreverência de Elvis fizeram desse single um sucesso estrondoso. Em 1956, é lançado seu primeiro disco, “Elvis Presley”, cercado de canções recheadas de melodias dançantes e letras de amor, que mobilizou um enorme público composto por adolescentes histéricas e hipnotizadas por toda América.

A década de 60 ficou conhecida como os ‘Anos Rebeldes’, graças aos grandes movimentos pacifistas e manifestações contra a Guerra do Vietnã. A Juventude clamava por liberdade e entendeu que tinha na música um aliado.

Esse momento marcou o momento de expansão do movimento. Do outro lado do Atlântico veio a chamada invasão britânica, tomando conta das paradas americanas. Grupos como The Kinks, Animals, The Who, The Faces, Rolling Stones e os Beatles.

Os Beatles ou os ‘Fab Four’, como ficaram conhecidos, tiveram sua estréia nas paradas da Europa e Estados Unidos, em 1962, com a música ‘Love me do’. Em 67, gravam o que possivelmente foi o álbum mais revolucionário da história do rock, Sht Peppers’ Lonely Hearts Club Band. O mundo nunca mais foi mesmo!

Outros grandes nomes que marcaram de maneira decisiva a década de 60 foram os The Monkees, Beach Boys, The Who, The Doors e Pink Floyd.

O rock se reinventou várias vezes na década de 60, seja com a beatlemania, com o rhythm’n’blues britânico dos Rolling Stones, The Yardbirds e Cream, no rock engajado e de caráter sério e político, de contestação e protesto, presente nas letras de Bob Dylan e na psicodelia de Grateful Dead e Jimi Hendrix.

Hendrix elevou o nível da guitarra elétrica no rock, criando uma sonoridade própria, autêntica que influenciou e chamou a atenção de grandes mestres como Eric Clapton, Mick Jagger e até dos Beatles. O sucesso dos seus dois primeiros singles, ‘Hey Joe’ e ‘Purple Haze’ colocou Hendrix entre os grandes da época.

Em 1969, o Festival de Woodstock tornou-se o símbolo de todo este período. Sob o lema "paz e amor", meio milhão de jovens comparecem no concerto que contou com a presença de Jimi Hendrix e Janis Joplin.

O assassinato em dezembro daquele ano, pelos Hell’s Angels”(Motociclistas e umas das facções roqueiras mais violentas dos anos 60) que faziam a segurança privada no concerto dos Rolling Stones em Altamont (Califórnia), de um jovem negro de 18 anos que sacou um revólver e apontou para o palco durante a apresentação da banda, pôs fim ao movimento hippie e toda sua ideologia de “paz e amor”.

Faça você mesmo...

Os anos 70 começaram ainda no final dos anos 60 com o fim dos Beatles. A psicodelia, o glamour, as roupas rasgadas e os cabelos cumpridos deram a tônica ao estilo que começava a tomar diferentes caminhos.

Lá estavam a viagem e a lisergia do movimento progressivo, capitaneados pelo Pink Floyd, Genesis e Yes, o rock glamuroso e visualmente andrógino, representado pelo ‘camaleão’ David Bowie e pelos alucinados integrantes do New York Dolls (que se vestiam de mulher e tocavam como loucos).

Polêmico e barulhento, o Heavy Metal teve como principais representantes bandas como Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, AC/DC e Kiss que realizavam shows grandiosos, com temáticas futuristas e místicas, com uma sofisticação nunca antes vista no rock, arrebatando fãs no mundo inteiro, transformando-os em verdadeiros seguidores (ou adoradores, como queiram), por décadas e décadas. Se o diabo é o pai do rock, ele encontrou no Heavy Metal seu filho mais pródigo.

A pluralidade de caminhos, sons e vertentes dentro do rock, aliados ao avanço comercial da música pop com a criação da disco music e o funk, geraram esteticamente o esgotamento da sua ruptura estética e comportamental. Em Nova Iorque e Detroit, uma cena seria o embrião de um movimento que mudaria definitivamente a cara do rock no final daquela década. Em Nova Iorque, o movimento girava em torno de Andy Warhol, o multiartista pai da Pop Art, com o Velvet Underground, de Lou Reed. Em Detroit, Iggy Pop e os Stooges e o MC5. Esses grupos desenvolveram um rock de vanguarda, com uma temática voltada para as drogas, sadomasoquismo, prostitutas, bissexualidade e questões políticas ligadas ao pensamento de esquerda.

Em 75, Malcom Maclaren, que já tinha sido empresário do New York Dolls, bebe na fonte de um estilo musical que tomara forma em Nova York através dos Ramones e cria a banda que seria um dos maiores fenômenos da história do rock: os Sex Pistols. O lançamento do álbum “Never Mind The Bollocks, Here's The Sex Pistols”, criou toda a base do movimento punk. Camisetas rasgadas, alfinetes, cabelos coloridos, arrepiados ou no estilo moicano fizeram a moda dos rebeldes londrinos. O sucesso dos Pistols trouxe à tona outras bandas, como o The Clash, formada em 76 na Inglaterra e o Black Flag e o Dead Kennedys nos Estados Unidos.

A década de 80 consagrou o Heavy Metal! Bandas como Black Sabbath( Já com Dio nos vocais), Judas Priest e as bandas da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), principalmente o Iron Maiden lançavam verdadeiros clássicos, alcançando grande popularidade. Importante salientar também da o surgimento de uma nova geração de ‘metalbands’, como Metallica, Megadeth, Anthrax, Slayer, Exodus, Testament, entre tantas outras, que deram um fôlego ainda maior ao movimento, sendo responsáveis por apontar novos caminhos e vertentes para o metal.

O fim do Punk obrigou o rock a se reinventar. De uma forma mais fragmentada ajudou a criar uma geração de jovens melancólicos, com uma rebeldia mais triste, sombria e solitária. O pós-punk tinha como principais representantes o Echo and The Bunnymen e o Joy Division, que contava com a liderança e tristeza do vocalista Ian Curtis, que se mata, aos 22 anos de idade. O resto da banda formaria o New Order. Denominados darks e góticos, outros grandes representantes do estilo foram o Sister of Mercy, o The Mission, o The Cult, o Bauhaus e o mais popular de todos eles, o The Cure.
Mas também havia uma galera que queria fazer música ‘just for fun’, para dançar. Era a new wave. B’52 e o Talking Heads, de David Byrne, trouxeram junto às suas roupas coloridas e gel no cabelo, muita alegria e diversão.

Com certeza, duas das bandas mais famosas nos anos 80 foram o The Smiths e o U2. O Smiths, considerada por muitos como a melhor banda dos 80, apostava na poesia das letras de Morrissey e nas guitarras de Jonnhy Marr. Já os irlandeses do U2 com o seu rock engajado, começaram a fazer sucesso com suas letras voltadas às temáticas sociais e políticas da Irlanda do Norte.

Nos Estados Unidos, Pixies, Fugazi e Sonic Youth criavam o indie pop, enquanto em Manchester (Inglaterra), que já havia revelado para o mundo os Smiths, Joy Division e New Order, surge uma cena musical regada a drogas sintéticas, que tinha como destaques os Happy Mondays e os Stone Roses.

A queda do Muro de Berlim, em 89, fechava as cortinas para o rock oitentista e preparava o terreno para o rock da década de 90. Precisamente em Seattle (EUA), um grupo de garagem preparava-se para lançar por uma gravadora independente um álbum que mudaria completamente a trajetória do rock.

Cheiro de...

Nesse momento, o rock entrava em um estágio de fragmentação e decadência. Algo precisava acontecer. Faltava algo mais visceral ao rock, faltava até dignidade.

Na primeira metade dos anos 90, bandas como Green River, Mother Love Bone, Mudhoney, Soundgarden e Nirvana, com suas letras pessimistas e guitarras distorcidas, criaram um movimento que foi chamado de grunge (sujo, em inglês), como uma estratégia de marketing para divulgar as bandas do cenário, muitas delas lançadas pela gravadora Sub Pop. O grunge de Seattle reinou absoluto na primeira metade dos anos 90, principalmente graças ao Nirvana, liderado por Kurt Cobain. O álbum ‘Nevermind’ é considerado por muitos o primeiro clássico dos anos 90 e “Smells Like Teen Spirit”, hino de toda uma geração.Todo esse sucesso abriu caminho também para outros grupos da cena alternativa fora do grunge, como foi o caso dos Smashing Pumpkins, Janes Adiction, Stone Temple Pilots e do Red Hot Chili Peppers.

Quando Cobain começou a não aceitar (e se aceitar!) o enorme sucesso do Nirvana no ‘mainstream’, o Grunge começou a perder forças, morrendo prematuramente junto ao seu suicídio em abril de 1994. Enquanto isso, uma nova invasão britânica estava acontecendo em várias frentes. Por um lado, o rock alternativo e melancólico do Radiohead, por outro o britpop baseado em guitarras do Oasis.

“A música independente, assim como a música alternativa, está associada a um conjunto de valores musicais, destacando-se a autenticidade, algo completamente oposto ao que está em vigor.”(Roy Shuker).

A volta ao básico, ao rock simples, “independente” e acima de tudo autêntico, mas sem necessariamente romper com a tecnologia dos dias de hoje, dá a tônica dos dias atuais. Strokes, White Stripes, Mars Volta, Kings of Leon, Jet, Franz Ferdinand, Interpol, Kaiser Chiefs, The Killers, Arctic Monkeys, entre outros, dão voz e gás ao movimento.

Em qualquer lugar do mundo, agora, um jovem está fazendo uma música, misturando novos ritmos, novos estilos, reciclando, fazendo alguma releitura, dando uma injeção de vida ao rock. Não, o rock não morreu...Como diria Kid Vinil, ele é atemporal. Foi até a UTI, agonizou, mas voltou e continua a se modificar e a ditar moda, atitude e comportamento.

Bom, pra mim, todo dia é dia de rock e pra você?

11 de ago. de 2009


“Partes de Mim”
(Marcelinho Hora)

Tão perto...
Tão Longe...
Quase...lá
Parte soltas, desmembradas...O meu eu solitário grita!
Divide...Mentiras contadas em voz alta...Cinema mudo
Aplausos vazios lançados de uma platéia morta
Glória!
Eco...dor...desespero
A Imaginação é apenas um elo perdido
Portas fechadas... Beco sem saída...
E todos os sonhos perdidos em um canto qualquer...
Há um pedaço em cada lugar
E uma lembrança...Uma lembrança perfeita...Será?
Quase lá....
Tão perto...
Tão longe...
Quase...lá!

18 de fev. de 2009


"American Music”.
Autor: Annie Leibovitz.
Editora: Random House
Quanto: Preço médio R$ 170,00.

Pedras que rolam não criam musgo...

A música sempre esteve presente em minha vida. De forma casual ou profissional, sempre em grandes momentos, ela se fez marcante. E com a fotografia não foi diferente. Poderia até dizer que, se hoje, eu tenho uma intensa relação de amor com a fotografia, o meu cupido foi a música! Foi pela música que eu comecei a fotografar.

Com o passar dos anos a busca de referências fotográficas me levaram a descobrir nomes sagrados como Ross Halfin, Steve Gullick, Bob Gruen, Lynn Goldsmith, entre tantos outros. Mestres que marcaram o mundo da música com seus registros incríveis, deixando um legado para gerações e gerações de fotógrafos. Resolvi falar um pouco sobre a carreira de cada um desses nesse espaço, começando com uma fotógrafa que me influenciou, tanto pela genialidade, quanto pela história de vida: Annie Leibovitz.

Nascida em 02 de outubro de 1949, em Waterbury, Connecticut, Annie Leibovitz encontrou a fotografia enquanto estudava pintura no ‘San Francisco Art Institute’. Começou a carreira no início dos anos 70, aos 24 anos, no jornal (depois revista) "Rolling Stone", onde, por mais de uma década de trabalho, deixou um legado de 142 capas. E que legado! Hoje, Leibovitz virou celebridade depois de trabalhar para as revistas "Vanity Fair" e "Vogue", mas essa história eu conto em outro momento.

Em busca das raízes

Mas por que, depois de tanto tempo e reconhecimento, Annie Leibovitz criou a série "American Music"? Ela mesma explica: "Um desejo de retornar ao meu assunto original e olhar para ele com um olhar maduro."

Em busca das suas raízes, entre 1999 e 2001 fez um ambicioso percurso fotográfico, começando pelo Delta do Mississipi, passando pela Louisiana, Tennessee, Missouri, Texas, Califórnia, Flórida, New York City, New Jersey, fotografando ícones do blues, bluegrass, country, jazz, rock, folk, hip-hop, punk rock e rap.


Clicou músicos como BB King, Beck, Brian Wilson, Dan Zanes, Emmylou Harris, Hank Williams, Iggy Pop, John Frusciante, Johnnie Billington, Roseanne e Johnny Cash, June Carter Cash, Lou Reed, Laurie Anderson, Lucinda Williams, Mary J. Blige, Michael Stipe, Norah Jones, Patti Smith, Ryan Adams, The Roots, The White Stripes e Willie Nelson em estúdios de ensaio e gravação, na intimidade da suas casas, nas salas de estar, lounges, igrejas, automóveis, piscinas e até no meio da rua.

"American Music" abrange quase um século de criatividade musical. Fotos em cores e em preto e branco dão a este livro, tanto um ar nostálgico como de vanguarda, transformando-o em uma obra essencial para qualquer amante da fotografia e da música.

Imperdível!

21 de nov. de 2008

Album: The Beatles ou White Album.

Artista: The Beatles.

Produção: George Martin.

Lançamento: 1968.

Label: Apple Records.

Quanto: Em média, R$ 60,00.

Praticamente mais da metade dos discos dos Beatles são obras primas obrigatórias em qualquer discoteca roqueira e isso definitivamente está fora de discussão! Agora, se eu tivesse que escolher um para levar para uma ilha deserta, com certeza seria o "White Álbum".

"You say you want a revolution
Well you know
We all wanna change the world
You tell me that it's evolution
Well you know
"We all wanna change the world"
"Revolution 1" ( Lennon/McCartney )

Tempo, tempo, tempo...

O ano de 1968 foi um marco, um divisor de águas do século vinte. O mundo passava por grandes transformações. O avanço tecnológico, as incertezas da Guerra Fria, a Guerra do Vietnã, o assassinato de Luther King, o fortalecimento do movimento Black Power e a juventude que tomava as ruas mundo afora, contestando os padrões estabelecidos de educação, moral, ética e estética. Foi um período marcado pela efervescência política, cultural e comportamental


Os jovens que clamavam por liberdade, se inspiravam nas idéias de Guy Debord e Jean Paul Sartre, no cinema da Nouvelle Vague, na música de Joplin, Hendrix, Who, Doors e nos ideais revolucionários marxistas. Queriam passar de meros coadjuvantes para protagonistas. Estabelecer novos valores, mudar, escrever sua própria história.

E no Brasil não foi diferente! Vivíamos sob a repressão do famigerado AI-5 (cujo "slogan" era "Brasil, ame-o ou deixe-o"), Nelson Motta lançava no jornal "Última Hora" o artigo intitulado "a Cruzada Tropicalista", definindo o movimento musical encabeçado por Caetano e Gil, no Rio de Janeiro acontecia a "Passeata dos 100 Mil" em oposição à ditadura militar e Caetano Veloso fazia seu famoso discurso no "Festival da Canção da Globo", após ter sua música, "É proibido proibir", vaiada pelo público jovem presente.

John e a banda, Paul e a banda, George e a banda...

Nessa época, os Beatles já não eram mais os mesmos. Aquela imagem do grupo de amigos, que saiu do anonimato dos bares undergrounds de Liverpool e conquistou o mundo, com sua música simples e direta, apenas tocando rock & roll, já não era mais a mesma. Naquele momento, a banda havia perdido seu ‘toque de Midas’. Amargaram um grande fiasco de bilheteria com o lançamento do filme "Magical Mystery Tour", John Lennon e Paul McCartney não compunham mais juntos, Yoko Ono era uma ‘pedra no sapato’ da banda e George Harrison clamava por mais espaço no grupo. George Martin, o produtor de todos os discos do quarteto até então, e considerado por muitos o quinto ‘Beatle’, foi quem conseguiu levar o grupo de volta ao estúdio de Abbey Road, onde iniciaram as sessões de gravação do "White Album". E Deus o abençoe por isso (kkkkkkkkkkkkkkk)!

Lançado em 22 de novembro de 1968, o "White Album" é o nono álbum oficial dos ‘Fab Four’. Esse disco traz o retorno do grupo ao rock simples e direto, dando adeus à fase psicodélica da banda e revelando ao mundo os caminhos do que seria a música Pop do início dos anos 70. 40 anos depois, este álbum continua um clássico absoluto! Arrisco destacar minhas favoritas, que são "Dear Prudence" (Lennon/McCartney), "Blackbird" (Lennon/McCartney), "Revolution 1"( Lennon/McCartney), "While my Guitar Gently Weeps"(Harrison), "Helter Skelter"(Lennon/McCartney), sem esquecer as deliciosamente bobinhas "Obla-di, Obla-da" (Lennon/McCartney) e "Piggies" (Harrison).

"...Blackbird singing in the dead of night...
Take these broken wings and learn to fly..
"All your life..."
"Blackbird" (Lennon/McCartney)

É como eu sempre digo: Quem não gosta de Beatles, bom sujeito não é!

19 de nov. de 2008

"1001 Discos para ouvir Antes de Morrer"

Autor: Robert Dimery

Editora: Sextante

Quanto? Preço médio R$ 60,00.

Quais seus discos preferidos? Qual a sua discoteca básica?

Quando você já passou da casa dos 35 anos e tem uma ligação forte com a música, sabe que listar 1001 discos não é uma tarefa das mais complicadas. Até parece, mas não é! Faça um teste, comece a fazer uma listinha mental dos seus preferidos e você vai perceber que não é tão complicado. Lembrará do que não pode ficar de fora, os clássicos eternos, tanta diversidade de sons, estilos, tantos que devem fazer parte, o medo de deixar algum de fora, e assim vai. E foi exatamente o que aconteceu comigo ao começar a ler "1001 Discos para ouvir Morrer".

Editado por Robert Dimery (Co-produtor de livros como ‘24 Hour Party People’, de Tony Wilson, ‘Pump Up The Volume: A History Of House’ e ‘Breaking Into Heaven: The Rise And Fall Of The Stone Roses’), com prefácio de Michael Lydon (Editor e Co-fundador da Rolling Strone, autor dos livros ‘Rock Folk’, ‘Boogie Lightning’, ‘Ray Charles: Man and Music’ e ‘Flashbacks’), "1001 Discos para ouvir Morrer" faz um apanhado da década de 50 até os dias de hoje, na sua grande maioria, do pop e do rock, mas com saudáveis inserções de clássicos do Jazz, Blues, Reggae e até de MPB.

Lado A

Esse livro nos leva a uma incrível viagem pelo mundo da música, proporcionado reencontros, seja com clássicos como ‘Kind of Blue’ de Miles Davis, ‘Love Supreme’ de Coltrane, ‘What’s Going On’ de Marvin Gaye, "In the Wee Small Hours" de Sinatra, "My Generation" do The Who, "Sargent Peppers..." dos Beatles, "Dark Side of the Moon" do Floyd e também com grandes descobertas. Para quem busca, como eu, novos sons, este "1001 Discos para ouvir Morrer" é um grande legado musical. Página a página você se depara com muita coisa que nunca tinha ouvido. Anote, escute, baixe, compre; há muita coisa bacana para se descobrir!

Lado B

Porém, da mesma forma que há riqueza de citações e informações, senti falta de muitas obras, daquelas que já estavam devidamente anotadas na minha ‘listinha’ (lembra? kkkkkkkkk) clássica! Mas sinceramente? Nada que se deva levar tão a sério. E vou mais além: se há uma forma de ler esse livro e tirar tudo de bom que ele realmente tem a nos oferecer, é não levá-lo tão a sério! É claro que você vai ficar indignado com a falta desse ou daquele disco, mas também vai dar boas gargalhadas com certas ‘pérolas’ presentes, como Britney Spears e o "Prince brasileiro" (what? kkkkkkk) Carlinhos Brown! Eu surtei quando não vi Chuck Berry, faltou "Out Of Time" do R.E.M, mas tem praticamente todos os discos do Radiohead (com exceção de "Pablo Honey"), o que beira a um certo exagero! Como uma boa e velha "lenda do metal" (isso é piada interna da diretoria...ahahahahahahahahah), senti falta de alguns clássicos como "Bonded by Blood" do Exodus (obra absoluta do Thrash Metal oitentista made in ‘Bay Area’), "Seven Churches" do Possessed, "Holy Diver" de Dio, entre outros. Outro estilo injustiçado foi o Blues. Sim, lá estão as obras de Robert Johnson, Muddy Waters e John Lee Hooker, mas resumir o Blues somente a esses três mestres? É um grande absurdo! Nomes como Buddy Guy, Júnior Wells, Lightning Hopkins, Stevie Ray Vaughan, BB King e Albert King não tiveram suas obras citadas, o que é uma grande contradição para um livro que quer ser referência. Mas agente respira, pondera e lembra que não vale à pena levar tudo tão a sério e percebe que assim, a diversão não acaba!

As fotos

O livro está recheado de fotos bacanas, com destaque para o trabalho de Trevor Clifford e Chris Mattison
, além da cessão de imagens históricas cedidas pela Referns Picture Library, Rex Features e Getty Images.

Vale muito à pena dar um pulo para a página de créditos das fotos (Pág.960) e saber um pouco mais sobre o trabalho fotográfico deste livro!

Saldo

"1001 Discos para ouvir Morrer" é muito bacana, uma leitura das mais agradáveis, mas que não se deve levar tão a sério e sim ser lido com calma, tomando um Jack Daniels e escutando música de primeira.

P.S: Esse é um daqueles livros que fazem parte do seleto grupo que eu carinhosamente apelidei de ‘Pequenas coisas inesquecíveis’, mas sobre isso eu falo em um outro momento.

12 de nov. de 2008

Entre - imagens

Estar entre amigos jogando conversa fora, acompanhado de uma trilha sonora bacana, é sempre um convite perfeito para falar sobre fotografia. Entre sonhos, ângulos e trocas de idéias e experiências, lembrei das referências que tive ao longo desses 15 anos fotografando. Nomes que me emocionam e ensinam sempre, que habitam meus sonhos e me dão fome de querer! Fotógrafos, cineastas, diretores, poetas, pensadores, pintores, filósofos. Mestres eternos! Resolvi então falar um pouco sobre isso, sobre esse seleto mundo de homens de atitude, que acreditaram em si, que foram adiante e fizeram a diferença, cada um com sua arte, com sua própria maneira de ver a vida e contar histórias. Vamos começar pela sétima arte...

Cinema x Fotografia

O cinema sempre foi um grande mestre! Resolvi falar um pouco dessa arte, da sua relação com a fotografia, de como ela nos ensina! Fiz uma relação de filmes incríveis que falam e têm uma fotografia primorosa. Filmes que eu não canso de ver, que me ensinam e vão me inspirar eternamente. Tantos não foram citados, mas com certeza terão seu espaço em uma próxima atualização. Por enquanto, cito alguns que vieram à tona nesse momento:

"Janela Indiscreta" (“Rear Window”, EUA, 1954) - O clássico de Alfred Hitchcock mostra a visão de um fotógrafo , que munido de sua teleobjetiva espiona os apartamentos vizinhos. Janela Indiscreta trabalha magistralmente com toda a amplidão da tela grande. Voyerismo elevado à sua máxima potência. Não tem muito que falar, veja!

“Depois Daquele Beijo” (“Blow-Up”, Inglaterra/ Itália, 1966) - Ao ampliar fotos suas feitas em um parque, um fotógrafo percebe que há um cadáver escondido nos arbustos. Obcecado, começa a investigar o caso e se vê envolvido em situações bizarras. Ele tenta elucidar o crime cercado de mistério, sem temer eventuais riscos. Um dos grandes representantes do ‘climax’ de todo um cinema feito na década de 60.


"Sob Fogo Cerrado" (“Under Fire”, EUA, 1983) - Russel Price (Nick Nolte), Claire (Joanna Cassidy) e Alex (Gene Hackman) são jornalistas que precisam cobrir uma guerra civil na Nicarágua que pode mudar o rumo de suas vidas. Excelente ficção sobre o trabalho e dramas de um repórter fotográfico, esse filme foi lançado em DVD recentemente.

“Insustentável leveza do ser” (“The Unbearable Lightness of Being”, EUA, 1988) – A adaptação do best-seller de Milan Kundera, conta a história de Tomas (Daniel Day-Lewis), um médico mulherengo que evita se envolver emocionalmente, mas que conhece Tereza (Juliette Binoche), com quem acaba se casando. Eles moram em Praga e a invasão russa de 1968 faz com que partam para Genebra. Suas vidas mudam bruscamente e eles têm dificuldades de se adaptar à nova realidade, longe de casa. O filme usa muita sensualidade para expressar as personalidades, sentimentos e relacionamentos dos personagens. Indicado ao Oscar de melhor fotografia, em 1988.

"A Testemunha Ocular" (“Public Eye”, EUA, 1992) - Na Nova York dos anos 40, fotógrafo sensacionalista se envolve com dona de boate. Com Joe Hershey, sobre o trabalho do fotógrafo Marele Berzini nos anos 40.

“Antes da chuva” (“Pred Dozhdot”, Reino Unido/ França/ República da Macedônia, 1994) - Três histórias misturam-se, tendo como pano de fundo a complicada situação política da Macedônia, criando um perfil claro do que é a Europa moderna. Destaque para o segundo conto, que mostra a situação extrema de pobreza e do caos da Macedônia, quando um fotógrafo exilado trabalha na guerra.

“A Pele” (“Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus”, EUA, 2006) - O filme conta como Diane Arbus (Nicole Kidman) encontrou dentro de si mesma as características que a transformaram de tímida mãe de família a uma das fotógrafas mais festejadas do século 20. Baseado em biografia escrita por Patricia Bosworth (também produtora do filme), o longa aponta a relação de Diane com o enigmático vizinho Lionel Sweeney (Robert Downey Jr.) como acontecimento que marca seu envolvimento com a até então marginalizada categoria de fotógrafos, essencial para seu desenvolvimento artístico.

“A Conquista da Honra” (“Flags of Our Fathers”, EUA, 2006) - Esse filme mostra a história real dos seis soldados que ergueram a bandeira norte-americana na batalha de Iwo Jima, decisiva na Segunda Guerra Mundial. Mas há uma história fotográfica por trás da história do próprio filme. A clássica foto de Joe Rosenthal, feita em 1945, não passou de uma grande farsa, talvez a maior de todos os tempos! Rosenthal chegou atrasado ao topo do monte Suribachi, onde foi erguida a bandeira, e pediu aos fuzileiros que repetissem a cena inúmeras vezes para fotografar. Joe Rosenthal ganhou o prêmio Pulitzer de fotografia e a foto em Iwo Jima chegou a ser considerada a “foto do Século XX”.

“Cartas de Iwo Jima” (“Letters From Iwo Jima”, EUA, 2006) - Este filme dialoga diretamente com “A Conquista da Honra”, outra produção dirigida por Clint Eastwood. O filme conta a mesma história da batalha de Iwo Jima, mas o desenvolvimento da narrativa corre pelo ponto de vista dos soldados japoneses que participaram do conflito. Fantástico!

“Sangue Negro” (“There Will Be Blood”, EUA, 2007) – Dirigido por Paul Thomas Anderson, o mesmo diretor de “Magnólia” e ”Embriagado de Amor”, o excelente ‘Sangue Negro’, traz Daniel Day-Lewis em um dos grandes momentos de sua carreira, como um magnata do petróleo que tenta ensinar ao filho (Dillon Freasier) os princípios básicos da vida, como família, ambição e riqueza nos negócios. A fotografia de Robert Elswit (de “Syriana - A Indústria do Petróleo“ e “Boa Noite e Boa Sorte“) é simplesmente fabulosa, usando dos tons quentes de laranja que destacam a secura dos desertos explorados por Daniel que - talvez não por acaso - leva o sobrenome ‘Plainview’ (algo como "visão ampla, plena"). No final do filme (créditos) você ainda pode acompanhar fotos da época, um desfile impressionante, dando um ‘grand finale’ a este filme simplesmente imperdível!

Ah! Faço aqui uma menção honrosa a Akira Kurosawa, pois todos os seus filmes possuem uma fotografia impressionante! Kurosawa é famoso por desenhar ‘storyboards’ de todas as cenas de seus filmes. Estes títulos estão disponíveis em DVD! Se você ainda não percebeu a escola que o cinema é, a base que ela dá para a fotografia, talvez seja o momento de prestar um pouco mais atenção e viajar no mundo da sétima arte, que tal?

28 de out. de 2008

Zoombido

Genial! O programa ‘Zoombido’ (Canal Brasil, Quinta às 21h30) vai virar CD e DVD via Biscoito Fino!

Para quem não conhece, ‘Zoombido’ é apresentado pelo cantor e compositor Paulinho Moska. Lá, Moska discute com outros compositores detalhes do processo de criação e de suas carreiras. A gravadora Biscoito Fino vai editar CD e DVD com duetos memoráveis do artista com nomes da MPB como Lenine, Gilberto Gil, Chico César, Zé Renato, Joyce, Mart'nália, Pedro Luís e Zélia Duncan, entre outros.

Ao longo desse ano destaco a idéia genial de "Para se fazer uma canção". Música que teve o desafio de ser feita a 26 mãos durante as gravações do programa. Cada artista que ele entrevistava, colocava uma frase na música.

Veja no que deu:

‘Para se fazer uma canção’
(Moska)

Para se fazer uma canção (Moska)

Desfaço as malas do meu coração (Vander Lee)

Eu sobrevôo minha solidão (Pedro Luis)

E encontro o fim de um deserto (Celso Fonseca)

Para se fazer uma canção (Frejat)

Um som, um céu sem direção (Zé Renato)

Como eu não previ como eu nunca sei (Leoni)

O amor que dei (André Abujamra)

Acho a luz no fim da escuridão (Jorge Vercilo)

E acendo a imaginação (Joyce)

Olá, você aí (Gilberto Gil)

Que bom te ouvir (Toni Garrido)

E eu não preciso de mais nada (Mart´nália)

Por isso corro nas calçadas, corro nos seus pensamentos (Otto)

Alentos pra solidão (Zélia Duncan)

Passaporte pra dentro da alma (George Israel)

E você que vem com pressa, calma (Oswaldo Montenegro)

Dor adeus, Deus perdão (Zeca Baleiro)

Dois, amor, doeu? (Nando Reis)

Mas como é bom! Mas como é bom! (Jorge Mautner)

E quando é bom, é tudo seu (Lenine)

E eu sou teu, você e eu (Sergio Dias)

Na imensidão à sós (Flávio Venturini)

Essa é minha voz (Isabella Taviani)

Que é a sua voz também (Vitor Ramil)

E a canção é de ninguém (Chico César)

Promete! É isso...


Para conhecer um pouco do programa 'zoombido':

27 de out. de 2008


Entre aspas....

“Silêncio”
(Bide e Marçal - 1912)

"Chamo alguém, ninguém escuto
Um silêncio absoluto
Envolve meu triste viver
Sinto fugir-me a calma
Tédio invadir minh'alma
Prenúncio de um cruel e longo sofrer
Para mim será o mundo
Um calabouço profundo
Onde ninguém ouvirá
Um dos gemidos meus
Qual condenado aflito
Fito o azul do infinito
Curvo-me a terra em uma prece
Imploro a Deus...

Senhor, a solidão apavora-me
Meu viver é uma cruel melancolia
Invade-me a alma uma grande nostalgia
Senhor! Pra mim tudo é noite
Pra mim não há dia
Silêncio que me rouba a calma
Silêncio que destrói minh'alma
Silêncio que sinto matar-me
Em lenta agonia."

Fragmento de mais um domingo de pleno silêncio interior...

3 de out. de 2008

Show: 'Matizes'.
Quem: Djavan.
Onde: Emes Centro de Eventos.
Quando: 12-09-2008.

No início do ano Caetano Veloso aportou por aqui com o seu show 'Cê'. Resolveu mudar, baseou o show no novo lançamento e pagou caro. A resposta do público não poderia ser pior. Aí uma comichão me atacou o juízo: Ter um passado musical irretocável torna o artista refém do seu próprio sucesso? Estaria o segredo em agradar a todos? Tocar o que o povo quer ouvir? Mas será que Caetano não estaria certo? Será que tudo tem que ser necessariamente tão ‘enlatado’?

Entrando em campo com o jogo ganho.

Djavan veio a Aracaju lançar o seu 18º CD, ‘Matizes’, após um hiato de 03 anos sem shows por aqui. Casa cheia, sucessos na ponta da língua, era só escolher as músicas, entrar no palco e não fazer feio. O público que aguardava não esperava por grandes inovações, e sim por um show repleto de grandes sucessos. E assim aconteceu.

Com cenário da Muti Randolph e design de luz de Maneco Quinderé, Djavan veio acompanhado no palco pelos filhos Max Viana (guitarra e voz) e João Viana (bateria), além da banda formada por Sérgio Carvalho (baixo e voz), Renato Fonseca (teclados e voz), Marcelo Martins (saxofones), François Lima (trombone e voz) e Walmir Gil (trumpete e voz), um timaço!

Generosamente acolhido pelo público, Djavan entrou em campo com o jogo ganho, todo mundo cantando tudo junto. Desfilou seu repertório iniciando com ‘Pedra’ e ‘Delírio dos mortais’, do novo álbum, seguindo com clássicos como ‘Oceano’, ‘Eu te Devoro’, ‘ Flor-de-lis’, e tantos outros.

1 + 1 = 2 ou mostrando como se faz.

Eu não acho que Djavan precise se reinventar, ou algo do gênero. Eu vejo que ele tem feito isso em suas obras, em seu processo de composição, deixando o rigor quase Jazzístico de discos como ‘Milagreiro’ e ‘Vaidade’, para criar canções de puro flerte pop como ‘Te Devoro’, do álbum ‘Bicho Solto’ ou mesmo se enveredar pelo mundo dos ‘beats’, com o álbum ‘remixes’.

Apenas sinto falta de mais ousadia ao vivo. Nem tudo precisava ser tão igual, óbvio, perfeitinho, o caminho do agrado não precisa seguir a fórmula de sempre; nesse quesito, ponto para Caetano. Mas será que é isso que o público quer? Mudanças? Risco? Com certeza, isso é o que ele não quer, é o que se percebe quando ele brinca dizendo: “Fora as músicas novas, em todas as outras eu fiz arranjos novos. Faço sempre isso porque quero ter pelo menos a ilusão de que estou cantando um repertório novo”.

Aos que acharam tudo perfeito, como sempre, podem esperar: Ele volta.
Eu queria mais!
Para ver as fotos do show de Djavan, acesse:

2 de out. de 2008

Cd: Pride & Glory.

Artista: Pride & Glory: Zakk Wylde.

Lançamento Oficial: 1994 com relançamento em 1999.

Label: Spitfire Records.

Quanto: R$ 30,00, em média.



Zakk “Fuckin”Wylde.

Quando a lenda do Heavy Metal – OZZY OSBOURNE - lançou o álbum ‘No Rest For The Wicked’ em 1988, uma coisa que me chamou a atenção foi o guitarrista que ele havia recrutado para as gravações. O cara tinha pegada, um ‘feeling’ impressionante e estilo único. Seu nome: Zakk Wylde!


Fazendo História.


Lançado oficialmente em 1994 e re-lançado em 1999, ‘Pride & Glory’ traz canções do mais puro ‘Southern Rock’, que nos remetem imediatamente a uma atmosfera que lembra muito o ALLMAN BROTHERS e também o LYNYRD SKYNYRD. Além das guitarras, Zakk toca também harmônica, banjo, mandolim, piano e canta muito bem, e como canta! Outro destaque é a presença mais do que competente de James LoMenzo no baixo(White Lion, Zakk Wylde, Gilby Clarke, B.K. Diaz, Hideous Sun Demons, Megadeth) e Brian Tichy na bateria (Derek Sherinian, Gilby Clarke, Billy Idol, Kenny Wayne Shepherd, Steve Stevens), que fazem uma cozinha à cima de qualquer suspeita. Todas as músicas são incríveis, e você percebe o quanto são criativos e entrosados.


O ‘Pride & Glory’ teve vida curta, mas os poucos shows que esses caras fizeram viraram lenda. Hoje, Zakk está com o BLACK LABEL SOCIETY e de volta como ‘lead guitar’ de OZZY. Mas esse é um outro capítulo a ser contado. Essa versão remasterizada ainda traz um cd bônus com 06 ‘pérolas’, com destaque para os covers "The Wizard" (Black Sabbath), "In My Time of Dying" (Led Zeppelin) e "Come Together" (Beatles).


Obrigatório para apreciadores de boa música e principalmente para quem gosta de ouvir os gemidos de uma ‘Les Paul’. Quer conhecer Zakk Wylde? Ouça esse disco, ele é a essência deste grande músico!


Não precisa gostar de guitarra, heavy metal ou barulho, basta gostar de música!


19 de set. de 2008

Cd: “The Hot Spot”.

Artistas: John Lee Hooker, Taj Majal, Roy Rogers, Miles Davis, Bradford Ellis, Tim Drummond, Earl Palmer.

Label: Verve.
Quanto: R$ 24 em média.

Encruzilhada.

A trilha sonora original do filme ‘The Hot Spot’ poderia passar despercebida, ser apenas mais um punhado de canções compostas, criadas para dar o tom, o clima de um filme ‘noir’ que não deu muito certo. Mas essa compilação tinha um grande trunfo: Colocou frente a frente o maior músico de jazz do século XX com um verdadeiro ‘dream team’ de ‘bluseiros’ de fazer inveja a qualquer inferno por aí! Ter Miles Davis tocando com John Lee Hooker, Roy Rogers ou Taj Majal em um mesmo disco, é simplesmente incrível!

A trilha segue à risca o conceito ‘Noir’ do filme. Sombrio, esfumaçado, tenso, com o ‘Blues’ dando uma boa pitada de sensualidade em todas as faixas. Dá até para imaginar como foi o processo de composição/gravação desse ‘The Hot Spot’. Fumaça e whisky, regando intermináveis ‘Jam sessions’ noite à dentro, nota a nota moldando esse grande disco.

Procure, compre, grave, ouça...se possível bem acompanhado.

Esse é quente!

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8 de set. de 2008

Cd: “São Paulo Confessions”.
Artista: SUBA.
Distribuição: MCD World Music.
Quanto: R$ 24, em média.

Considerado um dos maiores produtores musicais da década de 90, o iugoslavo Suba, Mitar Subotic, produziu muita gente boa em dez anos de trabalho no Brasil, como Edgar Scandurra, Arnaldo Antunes, Mestre Ambrósio, Marina Lima, Edson Cordeiro, Daniela Mercury, Dinho Ouro-Preto, entre outros.

Falecido tragicamente no dia 02/11/1999, aos 38 anos, em São Paulo, cidade pela qual era profundamente apaixonado, Suba deixou o Cd ‘São Paulo Confessions’, sendo aclamado pela crítica especializada em todo o mundo: The Times, Rolling Stone, Wax Libération, Observer, Daily News.

São 12 Faixas, onde o próprio Suba assume, além da produção, todos os pianos, teclados e programações. Cada faixa do Cd conta com participações mais do que especiais, de artistas como Roberto Frejat, Mestre Ambrósio, Arnaldo Antunes, André Geraissati, Luis do Monte, Joanna Jones e Edgar Scandurra.

Além disso, o Cd conta com a presença quase que vital de João Parahyba, assumindo bateria em ‘Tantos Desejos’ e ‘Felicidade’, percussão em ‘Você Gosta’ e ‘Abraço’, e samplers em ‘Segredo’, ‘Samba do Gringo Paulista’ e ‘A Noite Sem Fim’. Outro destaque é a bela presença das vozes de Cibelle Cavalli, em ‘Tantos desejos’ e de Taciana Barros, em ‘Você gosta’.

Enfim, um grande trabalho, onde Suba traduz com sensibilidade o retrato da crua realidade de uma cidade como São Paulo, que como ele mesmo um dia definiu: “É uma Blade Runner nos trópicos, uma cidade louca e perigosa, cuja realidade muda constantemente!”. EXCELENTE!

3 de set. de 2008

Show: Feira da Música de Fortaleza.

Quem: Maria Scombona.

Onde: Comunidade Poço da Draga.

Quando: 21-08-2008.

Mais um deles.

Um dia, Henrique Teles, vocalista da Maria Scombona disse assim: - Marcelo, você é um dos nossos!

Minha história com a banda é antiga. Já fui produtor, empresário, colaborador, patrocinador, candidato a faz-tudo, fotógrafo e talvez o fã mais cheio de opinião que a banda já teve... Hahahahaha. O convite para realizar a cobertura fotográfica de sua apresentação em mais uma etapa da ‘Feira da Música de Fortaleza’ foi um grande presente, cercado de euforia e preocupação. Minha missão? Contar a história, passar a limpo mais esse grande momento na carreira da Maria Scombona.

A Feira.

A feira aconteceu no ‘Centro de Negócios do SEBRAE’, pertinho do hotel em que estávamos hospedados. Achei a feira bem fraca e senti muito a falta da participação de Sergipe esse ano. O SEBRAE/SE sempre colocou um ônibus para os artistas daqui, mas por razões que eu desconheço, dessa vez não aconteceu; uma pena! Há uma relação oficial (inclusive com vários nomes que não estavam presentes!) dos expositores no site da feira.Tudo girou em torno da produção musical de Fortaleza (movimento Cabaçal, entre outros) e Pernambuco, como sempre, presente!

Eduardo, Rafael, Robson e Saulinho aproveitaram o pouco tempo que tinham para fazer contatos, trocar informações e é claro, espalhar material da Maria Scombona.

Comunidade Poço da Draga.

Após essa rápida passagem pela feira, seguimos até a comunidade ‘Poço da Draga’, onde faríamos a passagem de som da banda. Que lugar mágico! Ponto para a organização do evento em colocar essa comunidade como palco de algumas apresentações musicais da feira. Nada como brindar a população mais carente com boa música. Fotografei a passagem de som, mas não resisti a alguns cliques a mais pela comunidade:



Que fique o exemplo de Fortaleza para outras cidades do Nordeste.

Conheçam um pouco da história da comunidade ‘Poço da Draga’ .

Quando menos é mais.

Pude acompanhar em 2003 um show da Maria Scombona nessa mesma feira. Que diferença! Apesar da eficiência de tempos atrás, a Maria de hoje tem fôlego, atitude e uma harmonia incomparáveis! Antes eram 02 guitarras, gaita, percussão, um verdadeiro dinossauro! Hoje, é um Power trio, com guitarra-baixo-bateria. Sabe aquela história do quando ‘menos é mais’? Não estou aqui para ser o ‘advogado do diabo’ da formação que o grupo tinha em outros tempos, aliás, desmecerecer um gaitista como Júlio Vasconcelos ou mesmo um guitarrista como Thiago Ribeiro, seria no mínimo insensato da minha parte, não é isso, apenas sinto o quanto a banda hoje é leve, unida e pronta para alcançar outro nível.

O show.

Som perfeito, local mágico, tudo pronto, chegou o momento! A noite foi aberta com o som da Et Circensis (CE). Competente, mas que não contagiou a platéia. O melhor ainda estava por vir. A Maria Scombona fez um set, ‘curto e grosso’, de 40 minutos. 40 minutos para fotografar? A pressão foi grande, mas valeu! Escolhi trabalhar com a Nikon D300 com uma lente 70-200 mm 2.8, que apesar do peso, me deu uma autonomia maior. Show curto, quanto menos mudanças de equipamento melhor, essa lente faz a diferença!

O show teve resposta imediata do público! O cartão de visitas veio com "Cara do Côco" e "Lucimar", incendiando o local. Seguiram as arrebatadoras "Easy Way", "A Saga" e "Eu e Ela", fechando o show com a clássica "Vinte Meninas". A Maria Scombona mostrou a força da nossa música, proporcionado uma noite memorável ao público que esteve presente na comunidade ‘Poço da Draga’.

Valeu a todos da banda, que venham outras viagens, outros shows, outras experiências!

Veja as fotos do show da Maria Scombona na 'Feira da Música de Fortaleza' e sintam a força da música sergipana!

4 de ago. de 2008


Show: Projeto MUB – Música Universal Brasileira.
Quem: Vander Lee.
Onde: Teatro Tobias Barreto.
Quando: 25-07-2008.

Vander quem?

Essa era a pergunta que não queria calar. Pela primeira vez em Aracaju, Vander Lee, uma das maiores revelações da música popular brasileira, ainda era um desconhecido.

Muitos não sabiam que o compositor é dos maiores letristas da atualidade - gravado por Gal Costa, Alcione, Leila Pinheiro, Rita Ribeiro e Elza Soares, e que vem conquistando o país com um trabalho de linguagem própria, urbana e contemporânea. Vander Lee é da geração de autores da cena nacional que está dando uma nova cara para a música popular brasileira.

O Show.

Convidado para abrir o projeto MUB, Vander Lee subiu ao palco do Teatro Tobias Barreto e desfilou um vasto repertório de músicas com base no seu mais novo DVD, intitulado 'Pensei que fosse o Céu'. ‘Sambado’, ‘Chazinho com Biscoito’, ’Esperando Aviões’, ‘Onde Deus possa me ouvir’, ‘Do Brasil’, ‘Românticos’, 'Aquela Estrela', 'Contra o Tempo', 'Iluminado', 'Pra Ela Passar' e 'Meu Jardim' foram executadas com maestria e descontração, ganhando o reforço de um coro composto pelas 700 vozes que foram ao teatro.

Com um jeito próprio de se apresentar e fazendo "caras e bocas", Vander Lee levou, várias vezes, a platéia ao riso. Um público fiel e descontraído correspondeu a todas investidas do músico, que acompanhado pelo guitarrista Luiz Peixoto, manteve a harmonia e o auto astral durante todo espetáculo.

Como diria o próprio Vander: “É muito bom ter a sorte de transitar por esse universo chamado Canção Popular Brasileira. Obrigado ao público que conseguiu estar no show e aos que vibraram de longe...”

Agente é que agradece!

Começo de projeto perfeito, que venha Djavan!

Para conhecer o Projeto MUB - Música Universal Brasileira acesse:




3 de jul. de 2008


Por que não a Maria?

Numa terça-feira chuvosa de junho, fiz uma visita ao ensaio da Maria Scombona para fechar uma nova sessão de fotos para divulgação da banda. Ainda no carro, as idéias sobre ensaio já corriam soltas. Cheguei pontualmente às 21h30, e lá estavam os ‘quatro maluvidos’ da banda. Discutimos locações, momentos, figurino, expressões e inclusive, uma tentativa prematura (e mal sucedida) de ensaio foi feita.

Entre uma idéia e outra, foi inevitável não tocar no assunto música, sendo mais específico, 'programação do Forró Caju'! Henrique Teles, vocalista da banda, me falou de uma coceira que lhe insistia em ‘aperriar’ o juízo, afinal de contas, por que a Maria Scombona não conseguia fazer parte da programação do Forró Caju? Já no caminho de volta para casa, a tal coceira resolveu também me infernizar o juízo...

"Porque não é forró!" não é resposta. E não é mesmo! 'Cordel do Fogo Encantado', que mistura percussão com violão, samba de coco, reisado e embolada, é forró? E os 'Mestres da Guitarrada', com seu som 'cool' que mistura choro, carimbó, merengue e maxixe? É forró? Não! Mas sempre fazem parte da festa. Qual a justificativa para uma banda como a Maria Scombona não fazer parte da programação?

De bem intencionados o inferno está cheio

Quais os critérios que são usados para se montar uma programação como a do Forró Caju? Originalidade, qualidade, aceitação popular, criatividade? Talvez esteja faltando para os que montam a programação, doses cavalares de humildade, pesquisa e bom senso. Ou quem sabe, deixar um pouco a política de lado...

É impensável admitir que a Maria ainda precise ser notada; que ainda precise deixar claro para todos quais são as suas raízes, que apesar de ter rock and roll correndo em suas veias, tem fincado os dois pés na tradição e na cultura nordestina.

O fato é que Maria Scombona = fusão. E não precisa ser gênio para perceber isso não! Basta ouvir com calma qualquer um dos dois CDs da banda, ou prosear por cinco minutinhos com o Srº Teles, que as coisas ficam claras...

Ter a Maria no casting de um Forró Caju não seria problema para ninguém. Muito pelo contrário. Mas quer saber? Se não está dando de um lado, tenta-se por outro. Talvez o caminho seja montar um projeto organizado e correr atrás! Se as portas do Forró Caju estão fechadas para o novo, existem outros caminhos...Quem sabe o Arraiá do Povo ou mesmo montar o show de forma independente?!

"SE É O MEU SOTAQUE QUE LHE DEIXA TÃO CABREIRO, FAÇA DE CONTA, ENTÃO, QUE EU SOU UM ESTRANGEIRO E A MINHA LÍNGUA É ESTA. SOMOS DO MESMO MUNDO MESMO."

Quer conhecer o som da Maria Scombona? Acesse:
www.mariascombona.com.br

6 de jun. de 2008

‘Sobre o Tempo’...

Este ano eu resolvi que entre milhares de sonhos e projetos, iria fazer um site. E que incluiria nesse site, um Blog. Por quê? Porque quero contar histórias. Afinal de contas, 10 anos de andanças fotográficas renderam boas histórias. Shows, festivais, eventos, matérias jornalísticas, acaso, cotidiano, vida! Muita coisa foi registrada e muito ainda está por vir.

Mas eu quero ir mais além. Quero me permitir falar sobre música, dança teatro, artes plásticas, poesia, enfim, tudo que me move e me comove. Quero dar e ouvir sugestões. Dizer muito e ouvir sempre!

‘Sobre o tempo...’ vem para ser um Blog catalisador de idéias. Vem para somar, falar, berrar, reclamar e aprender! E como disse sabiamente Millor Fernandes: “Aprender: verbo auxiliar de existir”, então vamos aprender juntos!

Respeitável público! Vai começar a brincadeira... Sejam bem vindos! O baú de memórias fotográficas está aberto. Sirvam-se à vontade e obrigado aos que passarem por aqui!
Cd: “Onde brilham os olhos seus”
Artista: Fernanda Takai
Lançamento: Do Brasil Música
Distribuição: Tratore
Quanto: R$ 24, em média
Avaliação: Muito Bom

Réu confesso.

Confesso que andei perdendo a paciência para ouvir certas coisas. Principalmente as incansáveis tentativas de homenagem e resgate de certos estilos musicais definitivos, como por exemplo, a Bossa Nova. Regravações, participações, encontros, coletâneas das mais diversas formas e tamanhos, cerceadas pelas boas e más intenções pró-mpb da indústria fonográfica nunca me convenceram. Mesmo as interpretações mais modernas, como as da Bebel Gilberto, já cansaram. Nenhuma “homenagem”, por mais verdadeira e bem intencionada que seja é melhor ou está acima daquilo que foi imortalizado por Jobim, João Gilberto, Vinícius, Nara Leão, Menescal e tantos outros. Então eu pensei: Que tal deixar a Bossa Nova em paz? Esse pensamento caminhou comigo por um tempo até que no ano passado tudo mudou. Chegou às minhas mãos o cd “Onde brilham os olhos seus” de Fernanda Takai, uma homenagem à Nara Leão e porque não dizer, a Bossa Nova. Ela me convenceu!

O Cd.

O disco foi produzido por John Ulhoa (Pato Fu) com direção artística de Nelson Motta e traz uma coleção de 13 canções recolhidas do repertório de Nara Leão no período de 1942 a 1989. A voz doce e delicada está lá, mas também há guitarras e programações, tudo na medida certa e com um forte toque da personalidade e interpretação de Takai. Aqueles arranjos outrora manjados dos clássicos imortalizados na voz de Nara deram lugar a modernas e criativas releituras como se percebe logo a partir da primeira faixa. O samba “Diz que eu Fui por Aí” (Zé Keti / Hortênsio Rocha) virou uma balada (perfeita para voz de Fernanda), “Com Açúcar com Afeto” (Chico Buarque) flerta com o dance e o empolgante eletro baião “Seja o Meu Céu” de Robertinho de Recife (que resgate, hein?) já fazem valer o disco. Ainda tem “Ta-hi” (Joubert de Carvalho), “Canta, Maria” (Ary Barroso), “Insensatez” (Tom Jobim), “Luz Negra” (Nelson Cavaquinho /Amâncio Cardoso), “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” (Roberto e Erasmo Carlos), “Descansa Coração” (My Foolish Heart) (V.Young / N.Washington / Nelson Motta), “Lindonéia” (Caetano & Gil).

Longa vida a carreiro solo de Takai e um aviso: esse disco vicia!
Show: “Onde brilham os olhos seus”.
Quem: Fernanda Takai.
Onde: Shopping Metrô Boulevard Tatuapé.

Quando: 18-05-2008.


O Show.

De passagem por São Paulo, resolvi procurar algo pra aproveitar o tempo ocioso.Fuçando o Guia SP, descobri um show gratuito de Fernanda Takai no projeto 'Boulevard Music' do Shopping Metrô Boulevard Tatuapé. Era o momento de ver e ouvir a homenagem à Nara de perto. Cheguei cedo com a expectativa de pegar um bom lugar e ainda assim encontrei o shopping abarrotado! Empurrões, cotoveladas e seguranças avisando que não era permito fotografar deram o sinal que esta não seria uma sessão das mais fáceis. Mais uma para lista! Não seria isso que me impediria de registrar esse momento.

Acompanhada por John Ulhoa (guitarra, violões), Lulu Camargo (Teclados e programações), Thiago Braga (Baixo) e Maria Portugal (bateria e Zabumba), Takai inicia seu show com “TA-HI”. A resposta do público é imediata! “Luz Negra”, na seqüência, com seu climão ‘dor de cotovelo’, destaca o trabalho de guitarra de John, e “Diz que fui” mostra uma Takai afinada e muito à vontade. A impressão que fica é que essa música foi feita pra ela. Nem a estranha “Lindonéia” faz cair o ritmo e serve de ponte para a versão quase dance com pegada à Ed Mota de “Com açúcar, com afeto”, mais um belo trabalho de programações e loops de Lulu Camargo, que fez todo mundo dançar.

O carisma comedido de Takai é um charme à parte, e a versão de “There Must Be An Angel” do Eurythimics dá régua e compasso para mais uma linda intervenção da platéia.

O repertório segue na ordem do disco: “Insensatez”, O chorinho “Odeon” - bacana!, e o eletro-baião-arrasa-quarteirão de “Seja o meu céu”. Com versos como: “esconda o pranto num sorriso - chegou à hora - vou dizer-te adeus à ilusão e a esperança ao seu amor que não me pertenceu”, “Esconda o pranto num sorriso” faz a poeira baixar, mas logo é suplantada pela alegre “Trevo de 4 folhas” e “Estrada do Sol”. E o show é assim mesmo, um agradável vai e vem musical!

Fica clara a profusão de sons e estilos contidos no repertório desse projeto, mostrando a riqueza do trabalho. A versão para “Ordinary World”, do Duran Duran, mantém o clima lá em cima e “Descansa Coração” e “Canta Maria” seguem a ordem do cd. Em seguida espaço, para mais uma versão sob medida para Fernanda: “Ben”, do Jackson 5!

“Embaixo dos Caracóis dos seus cabelos” encerra o show com a platéia cantando em uníssono. Um shopping cheio e gritando, fez Fernanda Takai voltar e emendar mais três canções: “O Divã”, “Sinhá Pureza” e “kobune”, versão em japonês para o clássico “O Barquinho” de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Enfim, um grande show!Takai deu um “chega” na Saudade e na mesmice, dando vida nova à Bossa. Que esse show vire DVD e chegue logo por aqui!
Vejam mais fotos do show de Fernanda Takai!